O mercado da construção civil neste ano
será tão bom quanto foi em 2011. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC), a expansão do setor em 2011 foi de 4,8%, já sobre uma
base de crescimento elevada, de 11,6% em 2010. No oeste catarinense, o cenário
não foi diferente. Além das linhas de financiamento que atendem à demanda de
todas as classes e dos subsídios do Governo Federal para aquisição de imóveis,
a geração de novas fontes de renda impulsionadas pelo desenvolvimento do
turismo de eventos, do ensino superior, de novas empresas que se instalam na
região, entre outras, potencializam a economia e contribuem para o aumento da
procura por imóveis no município de Chapecó e toda região.
Segundo o presidente do Sindicato da
Indústria de Artefatos e Concretos Armados do Oeste (Sinduscon), Lenoir Antonio
Broch, o aumento da população, estimulado pelo crescimento contínuo da economia
e infraestrutura da cidade, aliado às facilidades de crédito, fazem com que
desperte maior interesse na aquisição de imóveis tanto para moradia própria,
quanto para investimento. Nesta entrevista, Broch avalia o cenário da
construção civil na região e fala sobre as expectativas para os próximos
anos.
A construção civil vem crescendo num ritmo acelerado nos últimos anos. A
tendência, para os próximos anos, continua sendo de desenvolvimento?
Lenoir Antonio Broch – A tendência continua sendo de crescimento, pois o
país vive um bom momento na economia. Com a Copa do Mundo e Olimpíadas no
Brasil, serão realizadas grandes obras para os próximos anos. Além disso, o
setor habitacional continuará se desenvolvendo em razão do aumento da renda e
das facilidades de crédito. Nosso município e região acompanham esse
crescimento. Temos agricultura, agroindústrias, comércio em constante
desenvolvimento que, consequentemente, trazem investimentos ao setor. Embora as
expectativas apontem para um cenário favorável, há desafios pela frente. A
iniciativa privada tem condições para continuar investindo, mas é necessário
que o poder público acompanhe essa tendência. É fundamental que nos locais onde
há crescimento habitacional sejam feitas melhorias em segurança, transporte,
escolas, acessibilidade, entre outros. O poder público está investindo, mas os
recursos não são suficientes para acompanhar o desenvolvimento.
Como avalia o ano de 2011 para o Sinduscon? Quais foram as principais
conquistas do setor?
Broch – Conseguimos colocar em prática nosso planejamento e obtivemos
bons resultados. Investimos em qualificação de mão de obra através de cursos e
treinamentos nos canteiros, realizamos o 1o Encontro de Profissionais de
Recursos Humanos da Construção Civil, conseguimos a licitação para construção
da escola para formação de mão de obra ao setor que ficará pronta em fevereiro
deste ano, aplicamos em ações de segurança do trabalho, entre outros. O ano
também foi importante para fortalecer parcerias com o Sindicato dos
Trabalhadores da Indústria da Construção Civil (Siticom), o que oportunizou com
que os trabalhos, na defesa dos interesses, tanto da classe dos empregadores
como dos trabalhadores, fossem conduzidos de forma tranquila e com respeito.
A escola da construção civil que iniciará as atividades em 2012 é uma
das grandes apostas para aumentar a mão de obra no setor. A qualificação
profissional é o principal caminho para suprir essa escassez de profissionais?
Broch – A qualificação profissional é a nossa prioridade. Temos hoje uma
defasagem de aproximadamente mil trabalhadores. Precisamos formar mão de obra,
não apenas para suprir a falta destes profissionais nos canteiros de obras, mas
também para garantir qualidade em todo o processo construtivo. Para isso, está
sendo construída a Escola da Construção Civil em Chapecó, através de uma
parceria entre Sinduscon, Fiesc e Senai. A instituição oferecerá qualificação
gratuita. A nova escola fará parte da estrutura do Senai e terá capacidade para
atender até 90 estudantes por dia. Na estrutura serão realizados cursos de
qualificação profissional de pedreiros, carpinteiros, aplicador de
revestimento, armador de ferragens, instalador eletricista e mestre de obras,
formações com duração prevista de 160 horas-aula, além do curso de pintor (40
h). O Senai também utilizará seu laboratório de informática pra realizar cursos
de CAD arquitetônico (desenho assistido por computador). O primeiro treinamento
será o de Aprendizagem Industrial em Oficial da Construção Civil e as aulas
terão início em março.
A mulher está conquistando o espaço da construção civil em todo o
Brasil. Qual é o diferencial da mão de obra feminina?
Broch – Assim como em todo o país, Chapecó também vem aumentando o
número de profissionais femininas nas obras. Elas ocupam cargos como pedreiras,
eletricistas, operadoras de guincho, servente de pedreiro, entre outros. As
mulheres têm se mostrado eficientes e possuem grande percepção para detalhes e
acabamentos. Além disso, costumam valorizar a segurança no trabalho e a limpeza
do canteiro de obras. Para 2012, precisamos intensificar as obras, visando
aumentar ainda mais a participação da mulher na construção civil.
As regras que alteram o seguro-desemprego implantadas pelo Ministério do
Trabalho representam uma alternativa eficaz para suprir as necessidades de
profissionais?
Broch – Essa é uma das alternativas que colabora para contornar o
problema da informalidade que prejudica a saúde das nossas instituições, pois
tanto empresas como empreendedores individuais, se habilitam a executar obras
sem as mínimas condições de segurança. Isso ocasiona acidentes de trabalho que
aumentam as estatísticas indesejáveis da construção civil e transferem a
responsabilidade para toda a categoria. Em 2010, 12.800 trabalhadores
solicitaram seguro-desemprego em Chapecó e 99% obtiveram o benefício. Muitos,
provavelmente, estariam perfeitamente ocupados nas mais diversas atividades que
oferecem oportunidade de trabalho dignamente remunerado. Não é correto que
financiemos com nossos impostos a preferência pela ociosidade ou pela ocupação
informal. O novo sistema oferece uma base unificada de dados que integra as
informações de todo o território nacional. A ferramenta visa facilitar a
recolocação do profissional no mercado de trabalho e, consequentemente,
diminuir as solicitações de seguro-desemprego no País. Através disso, o
trabalhador concorre às vagas de emprego disponibilizadas no Sine sem sair de
casa, além de acessar informações sobre o benefício e fazer pré-cadastro de
vagas. Nossa preocupação é disponibilizar as vagas existentes no mercado para
facilitar os encaminhamentos do Sine aos interessados em contratar, desde que haja
o atendimento em relação às características necessárias ao preenchimento das
vagas. O papel do Sine será o encaminhamento dos desempregados para recolocação
no mercado, mas também de observar as características dos interessados e buscar
junto aos organismos possíveis a profissionalização, qualificação e, até mesmo,
a alfabetização da mão de obra existente, de acordo com a necessidade de
treinamento.
A qualidade no processo construtivo é uma das preocupações do Sinduscon.
Qual é o panorama das empresas associadas?
Broch – Muitas empresas da região se destacam pelo nível de qualificação
e emprego em tecnologias de ponta para a atividade, tanto nos aspectos
construtivos como nos aspectos de saúde e segurança do trabalhador. Várias,
inclusive, possuem certificação ISO 9000/9001 e certificação no Programa
Brasileiro de Qualidade do Habitat (PBPQ-h), o que comprova a excelência no
processo construtivo.
Que ações o Sinduscon pretende desenvolver em 2012 para fortalecer a
categoria?
Broch – Nosso planejamento estratégico para 2012 contempla a
continuidade dos investimentos em treinamentos de mão de obra, oferecendo
profissionais capacitados para ministrarem os cursos na Escola da Construção
Civil, contratando aprendizes para serem qualificados e acompanhando esse
trabalho. Realizaremos o 2o Encontro de Recursos Humanos e comemoraremos os 25
anos de fundação do Sindicato com um evento que reunirá parceiros e pessoas que
contribuem para o desenvolvimento do setor. Também buscaremos consolidar
parcerias com entidades como a Associação de Engenheiros e Arquitetos (AEAO),
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura, Agronomia (CREA) e Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), afinal, nossos objetivos são comuns – defender os
interesses das categorias similares e criar estratégias para que as empresas
cumpram normas e leis. Continuaremos desenvolvendo trabalhos para estimular o
fim da informalidade, através de ações conjuntas que ofereçam benefícios aos
empresários, aos funcionários e ao governo. Já atingimos bons resultados e
reduzimos o trabalho informal em 2011, mas há muito que fazer ainda. Além de
buscar novos sócios, trabalharemos para valorizar empresas que atingiram
índices de qualidade e incentivaremos outros empreendimentos a investirem na
excelência. Enfim, trabalharemos para defender os interesses da categoria
econômica, consolidar o Sinduscon como entidade associativa, visando valorizar
sua importância política e representativa, fortalecer as iniciativas de diálogo
e as parcerias entre empresas e colaboradores através dos sindicatos, além de
buscar alternativas conjuntas para redução da burocracia e agilização de
processos para redução de prazos de análise de documentos, entre outros.
Postado por Matheus,
Horário: 01:11,
Data: 21/01/12,
Fonte: MB Comunicação.
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