Trabalhar muito, economizar, investir e
acompanhar as inovações tecnológicas. Essa é a fórmula de sucesso que José
Antonio Tessari – recém-eleito Empresário do Ano 2012 pela Associação Comercial
e Industrial de Chapecó (ACIC) – recomenda aos novos empreendedores.
Tessari tem 66 anos de idade, é casado
com Mara Dal Vesco e pai de Kalyna, Verônica e Gisele Tessari. Ele é diretor da
empresa Rotesma Artefatos de Cimento Ltda., graduado em Administração de
empresas, pós-graduado em Marketing Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e
diretor da Associação Comercial e Industrial de Chapecó e de outras entidades
do setor.
Um breve relato de
sua trajetória: como iniciou sua vida empresarial?
José Antônio Tessari
– Formei-me na FAE de Curitiba em Administração, em 1972, voltei para
casa e, nos três primeiros anos, trabalhei com meu pai, Ari Primo Tessari.
Montamos a Rotesma e, nesses 35 anos, passamos por muitas alegrias, mas também
por dificuldades. Foram onze planos econômicos no período. O foco foi não
desanimar e trabalhar muito. Houve período em que fiquei três anos sem retirar
pró-labore da empresa. Tinha um patrimônio que me dava uma renda mensal para o
sustento da minha família. Posteriormente, concluí dois MBA, um de Gestão e
outro de Marketing, os quais me ajudaram. Também devo agradecer a Leandra
Merísio, Gelson Gugel e Airton Zolet, junto com os colaboradores da Rotesma,
minhas três filhas Kalyna, Verônica e Gisele, e também a quem hoje me
acompanha, isto é, Mara Dalvesco e seu filho Arthur. O prêmio também é deles.
Quais eram os
principais desafios e que atualmente continuam?
Tessari – Os principais
desafios foram as dificuldades encontradas na estrada, na época, pois tudo era
difícil. De Chapecó a Passo Fundo eram, no mínimo, seis horas de carro para
trazer matéria-prima. Hoje, ainda, sofre com a falta de rodovias adequadas ao
volume de tráfego. Sentimos as dificuldades com as mudanças na economia.
Antigamente, substituíamos os produtos fabricados em outras regiões do Brasil,
hoje temos que estar atentos ao que acontece no mundo, nunca ficando de braços
cruzados e, sim, fazendo com que a empresa se modernize e tenha produtividade.
Nossa unidade de ferragem se encontra em nível italiano, sendo que a Itália é,
na Europa, a mais desenvolvida em pré-fabricados. Estamos implantando o que há
de melhor no mundo em programa de cálculo, desenho e orçamento, um programa da
Bélgica Nemechek.
O seu caso é tido como exemplo de
sucessão empresarial FAMILIAR que deu certo. A que atribui isso?
Tessari – Seguindo alguns
conselhos de meu pai, que sempre repetia “seja o mais correto”, “uma palavra
vale mais que uma assinatura”, “não gaste mais do que você ganha”. Nestes mais
de 35 anos, sempre investi aqui em Chapecó, nossa empresa está entre as dez
maiores do Brasil em pré-fabricados. A Rotesma como a Açotec, a Engeaço, a Sul
Brasil e outras tantas no ramo de pré-fabricados, de concreto e aço trazem,
anualmente, muito dinheiro para a economia de nossa cidade. O crescimento se dá
com metas e objetivos a serem alcançados.
O que, basicamente,
determinou o sucesso de sua empresa?
Tessari – O lançamento de
novos produtos é fundamental para que uma empresa acompanhe o mercado, sempre
buscando e correndo atrás de inovações. No momento de globalização atual o
importante é trazer tecnologia de outros países e não ficar esperando pelas
mudanças dos concorrentes do país. Além de ter uma assessoria dinâmica que
ajude a ver o que vem pela frente. Durante quatro anos fui diretor da ABECIC
(Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e fui
convidado novamente para o ano de 2013 ficar na direção da Associação.
Quais são seus planos
empresariais para os próximos cinco anos?
Tessari – A Rotesma, nos
últimos anos, cresceu muito e, agora, temos que nos dedicar a nova unidade de
Marialva (grande Londrina), que é uma região que vendíamos bem, mas a distância
(frete) estava se tornando inviável para nós. Com ela, atingiremos o interior
de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
Considera-se um
empresário otimista com o futuro do Brasil? O ambiente empresarial está mais
hostil do que quando criou sua empresa? Por quê?
Tessari – Cremos que nosso
país por ser muito populoso, possui um mercado interno muito grande, e se seu
crescimento for de 3% ao ano, teremos muito que construir. Hoje esta muito mais
difícil do que quando iniciamos a Rotesma, quase não tínhamos concorrentes na
época. Atualmente, é preciso ser ágil e, consequentemente, tomar decisões
rapidamente.
O que representa para
o senhor ter sido escolhido o Empresário do Ano de 2012?
Tessari – A Rotesma foi uma
empresa que até ano passado aplicou somente em Chapecó. Partimos de 120
funcionários há 15 anos, para uma moderna estrutura com 250 colaboradores.
Nasci aqui em 1946 e acompanhei o crescimento da cidade. Fiquei honrado e
agradecido por receber essa homenagem e ainda mais emocionado e orgulhoso por
ser chapecoense. O meu muito obrigado a todos que votaram em mim.
Que conselho o senhor
daria para um empresário que está iniciando seu negócio?
Tessari – O empresário que está
começando deve ter muito cuidado com o endividamento, pois 60% das novas
empresas fecham nos primeiros cinco anos. Por isso, deve trabalhar com um mês
de reservas e ser comedido nos momentos de novos investimentos e das retiradas
em dinheiro.
Como os empresários
devem se preparar para enfrentar as incertezas da globalização econômica?
Tessari – Em primeiro lugar
procurar conhecer ao máximo lá fora os novos produtos, para que a empresa não
fique ultrapassada, pois muitos que acham que têm o mercado, podendo ser
surpreendidos e não tendo tempo para se modernizar.
Quais suas previsões
para a economia em 2013 no Brasil e no Mundo?
Tessari – Cremos que a
economia brasileira continuará como nos últimos dois a três anos. Os “Finames”
com juros de 2,5% ao ano estão fomentando novos investimentos nas indústrias
com construções e ampliações. O mundo está uma incógnita, pois se a China
voltar a crescer a taxa de 9%, as exportações do nosso país melhoraram.
Como legítimo filho
de Chapecó, em sua opinião, quais os principais desafios ao desenvolvimento
econômico? Que conselho daria à nova administração?
Tessari – Para Chapecó, é
muito importante a perimetral leste para que continue a crescer. A criação de
mais dois distritos industriais, para trazer novas atividades econômicas. A
nova vocação para feiras deveria ser mais aproveitada com um parque de
exposições novo e ampla área de estacionamento. Nossa rede de hotéis é uma das
que mais cresce em Santa Catarina. Fazer uma pesquisa na área médica, para dar
condições de crescimento maior, pois ainda faltam especialistas em determinadas
áreas, e melhorar também nossos hospitais.
Quais as reformas que
o senhor considera urgente no Brasil: a tributária, trabalhista, eleitoral?
Tessari – O Brasil tem uma
carga tributária muito grande. É um absurdo que a folha de pagamento de nossas
empresas represente menos dos que os impostos que pagamos. A reforma tem que
vir aos poucos, para evitar uma grande ruptura nas estruturas do governo. O
imposto é mal distribuído, os estados e municípios deveriam ter maior
participação na divisão do bolo. Parar de ver noticiários de prefeitos e
governadores chorando migalhas em Brasília.
Postado por Matheus,
Horário: 19:47,
Data: 11/12/12,
Fonte: MB Comunicação.