A instalação de um
novo, moderno, versátil e superequipado parque de exposições e eventos – o
Chapecó Multiparque – é a nova bandeira da Associação Comercial e Industrial de
Chapecó (ACIC).
A arquiteta e
especialista em desenvolvimento regional Márcia Regina Sartori Damo assumiu a
nova Diretoria de Projetos Especiais da ACIC – a convite do presidente Maurício
Zolet – com a missão de dar consistência a esse objetivo. A ideia surgiu na
gestão do empresário João Carlos Stakonski e tornou-se prioridade da entidade.
Márcia Damo, que
elaborou os estudos e formatou o projeto, acredita que o Multiparque dinamizará
a economia regional. Ela não tem dúvida de que o projeto “reinventará Chapecó,
criará novas oportunidades, levantará a autoestima da população e colocará a região
num patamar econômico diferenciado estimulando que novos empreendimentos se
instalem, diversificando a economia da região”.
Qual
sua avaliação em relação à estrutura de eventos de Chapecó? Quais as
potencialidades e quais as deficiências?
Márcia
Damo - Chapecó possui atualmente dezenas de pequenos e
médios espaços e dois grandes complexos para a realização de eventos de maior
porte: o Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves, conhecido como Parque
da Efapi, e o Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes. Muitos
participantes e promotores de eventos queixam-se das limitações destes
empreendimentos: as estruturas disponíveis estariam limitando o crescimento dos
eventos, especialmente aqueles mais especializados. Prova disto é que grandes feiras
setoriais – como a Mercoagro e a Mercomóveis que serão realizadas neste ano –
não conseguem crescer mais em número de expositores e, como consequência, em
negócios em função da indisponibilidade de espaço físico. Nas últimas três
edições da Efapi, o número de expositores continua sendo o mesmo. Estamos
estagnados neste setor e há muita demanda para expansão em todas as principais
feiras.
Na
área automobilística também temos uma estrutura insuficiente?
Márcia
Damo - Além dos espaços para feiras e eventos,
possuímos um autódromo com uma pista de 3.000 metros sem asfaltamento numa área
de mais de 350.000m2, mas que em função de ser pista de terra, sem estrutura
adequada, tem feito com que Chapecó não figure dentro das cidades sedes de
grandes provas nacionais. É o caso da Stock Car e da Fórmula Truck, apenas para
citar duas delas que envolvem mais de 50.000 pessoas e em apenas um final de
semana prolongado. Precisamos aproveitar as oportunidades, porque temos
localização privilegiada dentro do Mercosul e dos três estados do sul,
possuímos o mais importante equipamento de infraestrutura de apoio a este tipo
de atividade que é um aeroporto com diversas companhias aéreas operando
diariamente, sem esquecer a inequívoca vocação já demonstrada para sediar
grandes eventos e negócios. Além disto, nosso setor econômico desperta
interesse, seja vinculado à agroindústria, ao setor moveleiro, ao metalmecânico
e outros. O que falta é infraestrutura adequada para nos profissionalizarmos.
Além
desses, que fatores levam a ACIC a concluir pela necessidade de um novo parque
multifuncional de eventos em Chapecó?
Márcia
Damo - A ACIC entende que precisa encontrar
alternativas paralelas que gerem empregos e renda para Chapecó e região. O
turismo de eventos de negócios poderá reinventar a região e ser uma alavanca
para nosso crescimento e desenvolvimento, pois, é uma indústria limpa,
democrática e envolvente. Segundo a Organização Mundial do Turismo, mais de 50
atividades participam da rede de oportunidades de negócios do trade turístico.
A ACIC passou da condição de entidade reivindicatória para entidade propositiva
com a participação efetiva na elaboração de um projeto técnico, o qual
contempla um amplo diagnóstico do setor em Chapecó e região. A preocupação da
ACIC é não perder a oportunidade que o país está vivendo em função de sediar
grandes eventos esportivos, razão de o setor encontrar-se bastante aquecido
constando da pauta de prioridades governamentais.
Apesar
da distância das capitais e da falta de belezas naturais, Chapecó tem vocação
para se tornar um grande centro de eventos? Por quê?
Márcia
Damo - Hoje o turismo de negócios e eventos pode ser
interiorizado, não depende de fatores climáticos ou de férias escolares, de
praias ou de montanhas. Chapecó tem vocação e vem demonstrando isto ano após
ano. O próprio Centro de Eventos construído causava interrogações quanto à sua
efetiva utilização. Hoje, a agenda é enorme. A população chapecoense também
aprecia provas de velocidade, basta ver que mesmo sem condições todos os
eventos esportivos são extremamente concorridos. Acreditamos que, com o
aeroporto em condições e as empresas operando, as distâncias diminuem
consideravelmente. Quanto às belezas naturais nós precisamos explorar mais o
que possuímos para que o turista se estimule a vir para cá e aumente seu
período de permanência na cidade. Por isso, setores público e privado devem
caminhar juntos.
Qual
é o conceito-chave que emoldura o projeto Chapecó Multiparque?
Márcia
Damo - As palavras-chave são integração, modernidade,
futuro e sustentabilidade. O parque está sendo projetado para absorver o que
existe de mais contemporâneo no sentido construtivo e de implantação, para que
se otimize espaços e se dê condições de uma utilização plena dos espaços por
todos.
Quais
as etapas já cumpridas e quais as fases previstas para a implementação do
projeto?
Márcia
Damo - Estamos na fase de estruturação do projeto
básico, montagem de processo no sentido de acessar recursos nas esferas federal
e estadual e em organismos internacionais, bem como na identificação da área
mais adequada para implantação do empreendimento. Paralelamente a isso
divulgaremos a proposta no sentido de sensibilizarmos pessoas e instituições
para que possam se engajar ao processo.
Poderia
descrever sucintamente o projeto, área, estruturas, equipamentos e demais
recursos que o futuro Chapecó Multiparque oferecerá ao público e aos promotores
de eventos?
Márcia
Damo - A área total necessária para a execução deste
empreendimento é de aproximadamente 1,5 milhão de metros quadrados. Nesse
local, além da disponibilização de uma área para locação do condomínio
tecnológico do oeste (Deatec), prevemos espaços para os seguintes equipamentos:
hotel executivo, restaurantes, parque público de lazer, pista de automobilismo,
kartódromo, velódromo, motovelocidade com a estrutura complementar de
arquibancadas, paddock, boxes, administração, torre de controle etc. Construção
de quatro pavilhões em sistema modulado, interligados, com área individual de 12.000m2
para utilização em eventos, feiras, atividades esportivas, shows, simpósios,
seminários, conferências, etc. Estrutura total para shows, áreas de estar para
público, área para exposição e comercialização de animais com toda estrutura
necessária de apoio, heliporto, terminal de ônibus, estacionamento para ônibus,
motos e carros (4500) e parque de diversões.
Qual
é o montante do investimento necessário e de onde sairão esses recursos?
Márcia
Damo - Os investimentos necessários dependerão do valor
da área que for adquirida para darmos encaminhamento aos projetos executivos.
Acredito que em torno de 40 milhões de dólares serão necessários para a
concretização do Parque, que poderá ser feito em etapas e com a participação
pública e privada.
Quem
pode participar desse projeto – empreendedores, empresas, poder público,
pessoas físicas etc.?
Márcia
Damo - O modelo que propomos é a constituição de uma
PPP, parceria público-privada, tanto para a execução do empreendimento como
para sua gestão. O plano de negócios que está em vias de contratação pela ACIC
nos apontará os melhores caminhos neste sentido.
A
viabilidade econômica desse empreendimento está fulcrada na realização de
feiras econômicas e, também, de eventos de natureza esportiva, cultural etc.?
Márcia
Damo - O plano de negócios nos dará subsídios mais
concretos neste sentido. Serão fontes de renda as feiras, os eventos realizados
nas pistas de automobilismo, velódromo, kartódromo, motovelocidade, a própria
locação da pista para instrutores, eventos de empresas concessionárias, renda
com o estacionamento para 4500 vagas, o hotel, restaurante a ser privatizado.
Precisamos pensar no que este equipamento trará de benefícios para a cidade de
Chapecó e para toda região seja em termos da maior taxa de ocupação de hotéis,
restaurantes, empresas de serviços de táxis, agências de viagens, empresas
prestadoras de serviços nos mais diversos ramos de negócios entre outros. A
dinamização econômica regional é o grande foco do projeto.
A
cobrança de custos reais aos promotores de eventos, hoje acostumados com a
cessão gratuita do Parque da Efapi, pode se constituir em um óbice ao novo
projeto?
Márcia
Damo - No primeiro momento talvez haja uma reação neste
sentido, mas a profissionalização e a especialização necessárias apontam para
outras soluções que sejam sustentáveis. Este setor se modernizou, os
participantes estão mais exigentes e para isto é necessário investimentos. Em
se mantendo a estrutura atual, além de não avançarmos no setor, não acredito
que a Prefeitura manterá ainda cessão gratuita por muito tempo pelos altos
custos envolvidos na manutenção especialmente do parque Tancredo Neves.
Postado por Matheus,
Horário: 22:40,
Data: 29/06/12.
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