Paralisado há dois meses para obras
essenciais de melhorias, modernização e readequações, a suspensão das operações
no Aeroporto Serafim Bertaso, de Chapecó, provocou prejuízos da ordem de R$ 120
milhões de reais à economia do grande oeste catarinense.
As obras foram concluídas em prazo
recorde e executadas dentro de rigorosos padrões técnicos, mas, enquanto a
região aguarda ansiosamente a retomada das operações, a Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC) exaspera a comunidade regional pela lentidão na tramitação
interna do processo homologatório.
O presidente da Associação Comercial e
Industrial de Chapecó (ACIC), Maurício Zolet, avaliou que os prejuízos que a
região sofreu e ainda sofre decorrem do cancelamento ou transferência de feiras
e eventos, da redução do movimento hoteleiro em 42% e em milhares de negócios
não realizados porque os investidores do Brasil e do exterior desistiram de
viajar a Chapecó e ao oeste. Exemplifica que a Mercoláctea, que deveria ocorrer
no primeiro semestre, foi transferida, o que impediu negócios da ordem de R$ 85
milhões de reais.
O dirigente mostra que os serviços
foram realizados em prazo recorde de 51 dias (a previsão era 75 dias),
iniciados em 22 de abril e encerrados em 17 de junho. A cada dois dias a ANAC
recebia relatórios e imagens para acompanhar o desenvolvimento da obra.
A queixa do presidente da ACIC reside
na lentidão do órgão regulador federal. Depois de receber o comunicado oficial
da conclusão das obras, a ANAC levou doze dias para enviar seus técnicos a
Chapecó. “A comunidade oestina esperava mais rapidez, comprometimento e empenho
da Agência”, relata.
As obras integram o Plano Operacional
de Obra e Serviços aprovado pela ANAC e consistiram no fornecimento de material
e mão de obra para a readequação dos 2.563 metros da pista de pouso e decolagem
mediante investimentos de R$ 11,6 milhões de reais, dos quais R$ 9 milhões do
Governo do Estado e R$ 2,6 milhões do Município. Um efetivo de 70 trabalhadores
executou os serviços em 20 horas de trabalho por dia, divididos em dois turnos
de 10 horas cada. Foram implantados 12 mil metros de drenagem, remoção de 10
mil metros cúbicos de terra através de mil viagens de caminhão, retirada de 7,6
mil toneladas de resíduos de asfalto e utilização de 22 mil toneladas de pedras
e 26 mil toneladas de massa asfáltica.
Concluída, a nova pista agora comporta
aviões de grande porte com até 200 passageiros incluindo aviões cargueiros.
Entre as aeronaves que podem operar em Chapecó situam-se o Boeing 737/800 (da
Gol) e Airbus A/320 (da Avianca). Será possível, ainda, a retomada de todas as
operações com oito voos diários e movimentação média mensal de 23 mil embarques
e desembarques. Para a ampliação dos serviços – voos e mais aeronaves – serão
necessárias outras melhorias a exemplo da aquisição de mais um caminhão para o
Corpo de Bombeiros e contratação de mais profissionais.
TURISMO
A presidente do Chapecó e Região
Convention & Visitors Bureau, Mirian Felippi, afirma que o setor turístico
está sofrendo muito desde o fechamento do aeroporto. O faturamento das agências
de viagens reduziu 60%. A realização de eventos caiu em 50%, os hotéis tiveram
queda de pelo menos 30% e os restaurantes foram penalizados com redução de 20%
a 30% de clientes.
“Temos toda a infraestrutura necessária
para a realização de grandes eventos, mas o setor está sendo fortemente
prejudicado com a falta do transporte aéreo. A reabertura do aeroporto de
Chapecó é urgente e fundamental para o desenvolvimento econômico do município”,
expõe.
MERCOMÓVEIS 2012
O empresário Nivaldo Lazaron Júnior,
presidente da comissão central organizadora da Mercomóveis 2012, maior feira do
setor em Santa Catarina e uma das maiores do País, assinala: “hoje, todo o
processo de vendas de passagens para visitantes e compradores aguarda a
liberação dos voos. A Mercomóveis depende muito da estrutura aeroportuária,
pois muitos clientes são de outros Estados e do exterior”.
Para a Rodada Internacional de Negócios
a Mercomóveis espera visitantes de 15 países, por isso, o sucesso da feira
depende do funcionamento do aeroporto. “Não há feira sem visitantes. Milhões em
negócios estão em jogo e esperamos uma boa notícia em breve”, encerra.
AGRONEGÓCIO
O prejuízo econômico e social da região
com o fechamento do aeroporto municipal de Chapecó nesse período é
incalculável, avalia o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos e
vice-presidente de agronegócio da Federação das Indústrias de Santa Catarina,
Mário Lanznaster. Ele lamenta que eventos deixaram de ser realizados, muitos
negócios foram adiados e viagens interrompidas.
Lanznaster realça que a comunidade
regional sentiu o impacto econômico em todos os setores. O culminante
crescimento de Chapecó e da região não abriga mais a ausência do transporte
aéreo. “Precisamos que o aeroporto volte a funcionar o mais breve possível para
que nossas empresas e instituições possam compensar as perdas dos últimos
meses”, enfatiza.
MUNICÍPIOS DO OESTE
O secretário executivo da Associação
dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), Paulo Utzig, lembra que o
aeroporto Serafim Enoss Bertaso é um instrumento logístico de imensa
contribuição regional. Observa que seu funcionamento reflete diretamente na
economia do oeste de Santa Catarina, sudoeste do Paraná e noroeste do Rio
Grande do Sul.
Além disso, integra a Mesorregião da
Grande Fronteira do Mercosul, que compreende 415 municípios, um programa
apoiado pela AMOSC e que se enquadra dentro das prioridades do Governo Federal
junto ao Ministério da Integração Nacional. “Todos os administradores municipais
da microrregião defendem a imediata reabertura do aeroporto para reduzir o
impacto e o transtorno causado no transporte de passageiros e na promoção de
eventos”, conclui.
COMÉRCIO
O presidente da Câmara de Dirigentes
Lojistas de Chapecó (CDL), Gilberto João Badalotti, revela que a sociedade, os
empresários e todos os segmentos da economia chapecoense aguardam ansiosamente
a reabertura do aeroporto municipal de Chapecó. “Esse tema, bem como o impacto
da interrupção de suas atividades, tem sido amplamente debatido em todos os
locais do município, uma vez que todos anseiam a imediata retomada de voos.”
Por ter uma elevada abrangência de
atendimento, o aeroporto impacta diretamente na movimentação econômica
regional. Badalotti calcula que 50% dos 23 mil passageiros mensais procedem de
outros municípios e aproveitam para comprar no comércio local. Com isso são
beneficiados hotéis, bares, restaurante, prestadores de serviços e os lojistas.
A interrupção das atividades do aeroporto comprometeu negociações e eventos
foram interrompidos ou cancelados. O presidente da CDL assevera que o comércio
de Chapecó, como prestador de serviço, perdeu muito neste período, sendo
imensurável o impacto econômico negativo.
O presidente do SICOM, Ivalberto Tozzo,
declara: “O esforço coletivo para que as adequações solicitadas pela ANAC
fossem atendidas no Aeroporto Serafim Enoss Bertaso em Chapecó não pode ficar à
mercê das vontades políticas ou da burocracia estatal, pois a reabertura
imediata é uma necessidade urgente, sob pena de acumularmos ainda mais perdas
numa economia regional já fragilizada”.
ÁREA DA SAÚDE
Chapecó se destaca pelo desenvolvimento
industrial, turismo de negócios, pelo avanço na aérea de saúde, entre outros
aspectos. No entanto, estes setores que estavam em constante desenvolvimento
estão sendo fortemente prejudicados com a falta de infraestrutura
aeroportuária.
O presidente da Unimed Chapecó, Geraldo
Antunes Córdova, salienta que a reabertura do aeroporto de Chapecó é urgente
porque representa a principal ponte de ligação aos centros urbanos, além de ser
um meio de transporte essencial para visitantes e investidores que antes
marcavam presença constantemente no município. O aeroporto beneficia não
somente a cidade-polo do oeste como os demais municípios vizinhos que
necessitam de transporte aéreo.
Postado por Matheus,
Horário: 21:05,
Data: 04/07/12.
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