A reabertura do mercado argentino para
a carne suína brasileira trouxe algum otimismo para o setor, mas revelou que a
indústria da carne e os criadores estão duplamente irritados: com o governo
brasileiro (pela falta de vigor na política externa) e com o governo argentino
(pela deslealdade na gestão comercial dentro do bloco Mercosul).
O principal porta-voz dessa
insatisfação é o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos e vice-presidente
de assuntos estratégicos do agronegócio da Federação das Indústrias do Estado
de Santa Catarina (Fiesc), Mário Lanznaster. O dirigente reclama que o governo
brasileiro tolera o comportamento desleal do parceiro (Argentina) e não adota
medidas recíprocas legitimamente aceitas no comércio bilateral.
Lanznaster proclama que “o governo age
assim porque não valoriza o agronegócio”. Lembra que quando ocorre qualquer
problema mercadológico em outros setores, como automóveis ou eletrodomésticos,
o governo adota imediatamente medidas de apoio.
Realça que a agropecuária brasileira
até abril exportou 26 bilhões de dólares, gerando superávit de 20,8 bilhões de dólares
somente neste ano. Afirma não compreender porque isso não acontece com o
agronegócio, “que está salvando a balança comercial externa, garantindo
repetidos superávits”.
O presidente deseja que os Ministérios
das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
tenham o mesmo comprometimento que o Ministério da Agricultura. E justifica: a
política comercial externa é fraca, tímida, não reage no mesmo nível e não
defende os interesses dos produtores e das indústrias nacionais.
Nesta semana foi anunciada a reabertura
do mercado argentino para a carne suína brasileira. A decisão ainda não teve
efeito prático, pois será necessário mais de um mês para a retomada dos
negócios e o efetivo embarque das mercadorias.
PREJUÍZOS
A Argentina embargou a carne suína
brasileira em fevereiro suspendendo a liberação das licenças de importação. Em
consequência, o Brasil deixou de exportar para aquele mercado em torno de
15.000 toneladas nesse período (3,6 mil toneladas mensais). Somente a Coopercentral
Aurora Alimentos deixou de exportar quase duas mil toneladas. “Isso representa
cerca de 45 milhões de dólares que deixaram de entrar no Brasil e que não serão
mais recuperados”, expõe.
Lanznaster observa que a Argentina não
quer produtos industrializados, mas apenas matéria-prima para processar em seus
frigoríficos. Essa medida – somente agora revogada – penalizou as exportações
brasileiras de carne suína em momento de oferta elevada no mercado brasileiro.
A não exportação para a Argentina
impactou na elevação dos estoques internos daquele país, que precisou buscar
alternativas para não parar suas fábricas de produtos cárneos.
Postado por Matheus,
Horário: 21:07,
Data: 24/05/12,
Fonte: MB Comunicação.
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