A vasta cadeia produtiva de carnes de
Santa Catarina está em estado de alerta máximo com a ocorrência de foco de
febre aftosa no departamento de San Pedro, no Paraguai. A doença está
perigosamente próxima do território catarinense que conquistou o privilegiado
(e único no Brasil) status de área livre de aftosa sem vacinação.
Eventual entrada da doença no Estado
teria efeitos catastróficos para todos os setores da economia barriga-verde,
alerta o diretor técnico do Instituto Catarinense de Defesa Agropecuária
(ICASA), médico veterinário Gerson Catalan. Por isso, as indústrias de abate e
processamento de carnes, os criadores, o governo, os consumidores e todos os
agentes econômicos estão convocados para a proteção sanitária.
A ocorrência de febre aftosa no
Paraguai coloca em risco a sanidade animal de Santa Catarina porque o vírus é
facilmente transmissível: sempre que há proximidade de focos há riscos, pela
movimentação de animais ou produtos cárneos. O maior risco – expõe Catalan –
consiste na entrada de animais, derivados e veículos não lavados e
desinfectados adequadamente. Por isso, é essencial uma forte ação nas
fronteiras, impedindo este ingresso.
O diretor executivo do Sindicato das
Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarnes), Ricardo
Gouvêa, enfatiza que eventual entrada do vírus da aftosa em Santa Catarina
teria consequências catastróficas para a economia catarinense, pois,
automaticamente, as exportações de carne seriam paralisadas, as agroindústrias
teriam que demitir e os produtores não teriam para quem vender a produção. Uma
cadeia produtiva que envolve mais de 500 mil pessoas entraria em uma crise que
repercutiria em todos os demais setores da sociedade barriga-verde.
Gouvêa mostra que a preocupação é “a
conduta das pessoas”, pois, em termos estruturais, Santa Catarina está
preparada com laboratórios, veículos, equipamentos, barreiras, sistema de
comunicação e profissionais capacitados para a proteção sanitária do
território. “Todas as pessoas e entidades são responsáveis pela segurança
sanitária animal do Estado e devem, permanentemente, adotar atitude de
prevenção, independente da ocorrência de focos, pois, quando há manifestações
ou sintomas da doença, os animais já estão liberando vírus”, conclui.
TRANSMISSÃO
O bovino é o principal transmissor da
doença. Por essa razão, Santa Catarina implantou o sistema de rastreabilidade,
identificou os bovinos com “brincos” e informatizou as guias de trânsito de
animais (GTA), entre outras providências, além de controlar a produção e a
movimentação dos animais.
A aftosa é uma enfermidade altamente
contagiosa que ataca os animais de casco dividido, principalmente bovinos,
suínos, ovinos e caprinos. Ocorre em qualquer faixa etária, podendo se
transmitir entre animais, por alimentos, água, ar e pelas mãos de pessoas que
tiveram contato com animal contaminado. Cada produtor deve zelar pelo seu
rebanho, evitar visitas, higienizar mãos e utensílios no manuseio dos animais e
só adquirir animais de propriedades controladas pelo serviço oficial.
Em razão do evoluído status sanitário
do Estado, em Santa Catarina os bovídeos não são vacinados há muitos anos e,
por isso, não apresentam anticorpos, portanto, são muito mais vulneráveis do
que os de outros estados que praticam a vacinação. A vantagem está relacionada
aos mercados que o Estado conquistou como a exportação de carne suína para
países que só adquirem de áreas livres de febre aftosa sem vacinação, como é o
caso do Chile, Estados Unidos e Europa.
Postado por Matheus,
Horário: 01:13,
Data: 14/01/12,
Fonte: MB Comunicação.
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